Liuba, artista búlgara, expõe no Rio de Janeiro
Importante conjunto de esculturas em bronze da artista búlgara,Liuba Wolf, naturalizada brasileira chega a Galeria Marcelo Guarnieri, RJ, pela primeira vez, mais de 50 anos após sua primeira exibição. A exposição pode ser vista até dia 21 de janeiro de 2017 e a entrada é gratuita.
Em 1965, a artista búlgara naturalizada brasileira Liuba Wolf (1923 - 2005) realizou uma importante exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, como parte das comemorações do quarto centenário da cidade. Na mostra, a artista apresentou 23 esculturas em bronze, que representavam animais. Agora, cinquenta e um anos depois da primeira exibição, 14 dessas obras estão reunidas novamente e são reapresentadas pela primeira vez ao público na Galeria Marcelo Guarnieri, em Ipanema, RJ. A exposição é acompanhada de um texto da curadora, crítica e historiadora da arte Maria Alice Milliet, feito especialmente para esta mostra.
“A obra de Liuba teve no Rio a oportunidade de integrar, ainda que momentaneamente, um dos mais ousados projetos urbanísticos do pós-guerra. Ali, a artista pôde dar sua contribuição, ali se sentiu em casa”, escreveu Maria Alice Milliet. Naquele momento, a obra de Liuba também passava a ganhar mais reconhecimento internacional, com importantes mostras no Brasil e no exterior. Ao longo de sua trajetória, a artista participou de quatro Bienais Internacionais de São Paulo (1963, 1965, 1967 e 1973) e realizou uma grande exposição individual no Hakone Open Air Museum, no Japão, em 1985. Suas obras hoje estão em importantes coleções privadas no Brasil, Argentina, Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Japão, Suíça e Estados Unidos.
A exposição no MAM Rio, realizada em um momento de grande visibilidade, em que era inaugurado o Parque do Flamengo apresentou o conjunto de esculturas e marcou uma mudança na obra da artista, que naquele momento deixava a figuração para explorar uma “quase abstração”, tendo a figura do animal como forte referência. “Para mim, eles são animais. Mas eu não posso explicar de onde eles vêm, deve ser do meu subconsciente. Suas formas, mesmo que reconhecíveis, são de fato uma simbiose entre vegetal e animal”, disse a artista a Sam Hunter para o livro Liuba: At the Edge of Abstraction. Na Galeria Marcelo Guarnieri, as obras serão apresentadas da mesma forma como foram expostas originalmente: dispostas em bases e muros baixos formados por blocos de cimento.
Entre 1950 e 1960, Liuba viveu entre o Brasil, onde mais tarde se naturalizou, e a capital francesa. Nesse período houve a afirmação de seu trabalho e a proximidade com os artistas Marino Marini, Martyn Poliakoff, entre outros. “Sua plástica, ancorada na tradição da escultura moderna na linha de Brancusi e Giacometti, se alimenta, simultaneamente, da simplificação formal introduzida pelo cubismo e da arte de culturas exóticas. Como se sabe, essas duas vertentes estiveram associadas às vanguardas artísticas que no início do século romperam com as convenções da academia. A produção escultórica de Liuba bebeu nessas fontes, chegando à maturidade durante o alto modernismo, período em que a estética moderna ganhou alcance internacional”, afirma Maria Alice Milliet.
SOBRE LIUBA WOLF
Nascida em 1923 na Bulgária, Liuba ingressa em 1943 na Escola de Belas Artes de Genebra, Suíça. De 1944 a 1949 estuda com a escultura francesa Germaine Richier, a princípio na Suíça e em seguida em Paris, onde passa a viver e trabalhar em 1946. Em 1949, ainda vivendo em Paris, monta ateliê também em São Paulo. Casa-se com Ernesto Wolf em 1958 no Brasil, e passa a dividir seu tempo entre os ateliers de São Paulo e Paris. A partir de 1989 estabelece atelier também na Suíça. Falece em São Paulo em 2005.
Das diversas exposições individuais e coletivas que realizou, destacam-se nas seguintes instituições: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1965; Museu Nacional de Arte Moderna de Paris, 1967; Museu de Saint Paul de Vence na França, 1968; Hakone Open Air Museum no Japão, 1985; Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1996. Participou anualmente do Salon de la Jeune Sculpture de Paris no período entre 1964 e 1979; do Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1962 e 1963; da Bienal Internacional de São Paulo nos anos 1963, 1965, 1967 e 1973; e de diversas edições do Panorama de Arte Atual Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo no período de 1970 a 1985. Suas obras integram importantes coleções públicas internacionais como a do Fond National d’Art Contemporain de Paris, do Museu de Saint Paul de Vence na França, do Kunsthelle de Nuremberg na Alemanha, do Hakone Open Air Museum no Japão e do Musée de la Sculpture en Plein Air de la Ville de Paris; e integram também importantes coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, da Coleção da Bienal de São Paulo e do Museu do Artista Brasileiro em Brasília.
SOBRE A GALERIA
Marcelo Guarnieri iniciou as atividades como galerista nos anos 1980, em Ribeirão Preto, e se tornou uma importante referência para as artes visuais na cidade, exibindo artistas como Amilcar de Castro, Carmela Gross, Iberê Camargo, Lívio Abramo, Marcello Grassmann, Piza, Tomie Ohtake, Volpi e diversos outros.
Atualmente com três espaços expositivos – São Paulo, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto – a galeria permanece focada em um diálogo contínuo entre a arte moderna e contemporânea, exibindo e representando artistas de diferentes gerações e contextos - nacionais e internacionais, estabelecidos e emergentes - que trabalham com diversos meios e pesquisas.
Serviço: Liuba
Exposição: até 21 de janeiro de 2017 das 14hs as 17hs
Galeria Marcelo Guarnieri, Rio de Janeiro
Rua Teixeira de Melo, 31 – lojas C/D
Rio de Janeiro – RJ – Brasil
CEP 22410 010
Telefone: (21) 2523.6157
De segunda a sexta, das 11h às 18h
Sábado, das 11h às 15h
www.galeriamarceloguarnieri.com.br