A Força da Fé !
Cada vez que eu conheço um descendente de português eu me encanto um pouco mais pelo país e pelas pessoas. Na Festa da Vindima realizada na Casa de Portugal de São Paulo eu conheci a Maria de Fátima e a história da vida dela!
Com vocês, Maria de Fátima!
Maria, você está com 23 anos. Você nasceu em Portugal?
Minha família inteira é portuguesa (pais, irmãos, avós, tios, etc.), apenas eu vim nascer aqui no Brasil.
Há quanto tempo você faz parte do Grupo Folclórico da Casa de Portugal de São Paulo?
No dia 09 de janeiro fez um ano que eu estou no grupo e é uma delícia fazer parte desta família.
Além de dançar, você também carrega a bandeira...
Às vezes sim. O grupo se apresentou na festa de comemoração no Dia de Camões e de Portugal na Assembléia Legislativa e eu levei a Bandeira.
Cada traje português tem um significado. Fale-me sobre o traje da noiva, Maria de Fátima.
O traje de noiva do Minho é, sem dúvida, um dos mais emblemáticos. A escolha do tecido preto confere a todo o traje a solenidade exigida ao próprio ritual do casamento. Para assinalar esses momentos, a rapariga colocava ao peito todo o ouro que possuía, mostrando, assim, o seu poder econômico. Por vezes, serviria este traje, ainda, uma última vez, como mortalha.
Quando o Primeiro Ministro de Portugal, o Antônio Costa, veio à Casa de Portugal o Grupo se apresentou para ele e eu fui a noiva junto com o Ernestinho, o Diretor do Grupo. O Ernestinho está como diretor do Grupo há dois anos e como componente há 28.
Ah, vale dizer que todas as nossas roupas vem direto de Portugal. São todas confeccionadas lá e por isso elas são tão lindas!
Maria de Fátima, todos nós temos sonhos... qual é o seu sonho?
Não tenho sonhos muito grandes (rs) Meu maior sonho, acredito que seja simples. Ter meus filhos, me casar e poder sempre dar o meu melhor a todos, conseguir sempre superar minhas limitações e claro, estar em Portugal e construir minha vida lá, ao lado do Ernestinho e da nossa família.
Agora se tratando de um sonho que é mais "material" eu posso dizer que eu tenho o sonho de ir a uma casa de fado em Lisboa, daquelas bem tradicionais, onde o único som é o da guitarra! Esse é um sonho que tem a ver com o meu pai porque ele sempre quis que eu conhecesse uma casa de fado tradicional já que o fado faz lembrar um pouco da história dele... Meu pai, José Ferreira, participou da Guerra de 25 de Abril. Ele foi mandado para Luanda e para conseguir sustentar a família, quando meu pai não estava no quartel ele estava trabalhando numa casa de fado em Luanda. Então, aprendi a ser uma amante do fado, graças ao meu pai.
Na festa da Vindima realizada na Casa de Portugal em São Paulo você pisou as uvas junto com o Orlando Quirino. O que significa pra você pisar as uvas, Maria de Fátima?
O maior significado é poder, de alguma forma, estar ligada a tradição do “meu povo” e da minha família. É estar conectada com uma parte da história, que até mesmo hoje em dia é vivida de uma forma muito especial. A fabricação do vinho, por mais modernizado que esteja nos dias de hoje, ainda sim, existe a pisa das uvas. E poder demonstrar e sentir isso são de uma emoção muito grande.
E você já esteve em Portugal? Qual a cidade que você gostaria de conhecer?
Eu estive em Portugal em 2000, mas, como fui muito pequena, não tive a oportunidade de conhecer Lisboa, cidade do fado lisboeta. Então como amante do fado que sou gostaria muito de conhecer e sentir toda a musicalidade mágica do fado.
E qual a cidade você que mais gosta?
Sem dúvida, Fátima! Foi o lugar que mais me marcou, embora eu fosse muito pequena quando fui ainda me lembro da sensação de estar naquele lugar tão especial.
Então, você diria que FÁTIMA foi a cidade que mais te marcou por conta do seu nascimento e do seu nome?
Sim, com certeza!
Você poderia contar para os nossos leitores a história do seu nascimento, do seu nome?
Claro que posso e faço isso com muito prazer!
Eu venho de uma família grande. Minha mãe tinha três filhos homens e um enteado, mas, ela sempre quis ter uma menina. Após seis anos que meus pais e irmãos moravam no Brasil, minha mãe descobriu que estava grávida já de três meses e durante toda a gestação eu permaneci sentada (de costas para a barriga dela), então, ela nunca conseguia ver o sexo do bebê. Quando minha mãe começou a entrar em trabalho de parto, eu não "virei”, permaneci sentada. Minha mãe conta que foi para o hospital no dia 9 de julho de 1993 e estava no horário da troca de turno. Bem, o hospital era público e devido o horário da troca do plantão deixaram minha mãe numa salinha.
O tempo passava, minha mãe estava perdendo muito sangue e ninguém a acudia. Daí, ela pediu a Nossa Senhora que a ajudasse, que alguém pudesse cuidar dela, então, entrou uma enfermeira, pegou uma cadeira de rodas (que estava sem as rodinhas) e a levou até o médico. Minha mãe conta que até hoje ela não sabe como a enfermeira conseguiu levá-la naquela cadeira!
Quando chegou à sala do médico minha mãe já havia perdido muito sangue e já era dia 10 de julho. Os médicos tentaram ‘me encaixar’ da forma correta, mas não conseguiram pelo fato de eu estar sentada, de costas para a barriga dela. Os médicos disseram que não tinha como fazer cesárea porque eu estava muito rente e eles poderiam me cortar, e que, o parto normal era praticamente impossível. Já havia passado mais de 14 horas que minha mãe havia entrado em trabalho de parto e já estava muito fraca, mesmo assim minha mãe ouviu o médico falar para os enfermeiros que ou morria a criança, ou a mãe, ou as duas... Escutando isso, minha mãe fez a promessa a Nossa Senhora de Fátima, que se nascesse uma menina ela se chamaria Maria de Fátima, em sua homenagem.
Um pouco depois, os médicos decidiram fazer cesárea para que pelo menos minha mãe sobrevivesse então, quando a levantaram da cama que ela estava para a colocarem numa maca, sozinha, eu cai de "bumbum" na maca! Na mesma hora minha mãe perguntou se era menino ou menina e, aqui estou eu, uma menina que com muito orgulho se chama Maria de Fátima.
Mas a história não termina aí!
Eu nasci muito pequena, toda amarelada, cheia de sujeira (até por causa da demora do parto) e muito fraca. Assim que nasci me levaram para o berçário e, minha mãe por mais que estivesse muito mal a mandaram para casa no dia seguinte, porém, a mim não deixaram ir. Minha mãe teve a intuição de que eu não poderia ficar ali, se não eu realmente morreria, então ela ligou ao meu irmão mais velho e pediu que a esperasse atrás do hospital. Ela foi até onde eu estava me embrulhou em roupas que ela tinha e me levou de lá, sem autorização médica. Contudo, minha mãe teve alguns pontos e precisava tirá-los daí, ela foi ao hospital com uma amiga e pediu que essa amiga ficasse me segurando porque ela tinha medo que alguém do hospital a questionasse por ela ter me tirado do hospital sem autorização.
Ao entrar no consultório do médico ele disse: Meus pêsames!
E ela perguntou: Mas por quê?
-Pela sua filha, respondeu o médico.
Então, minha mãe disse: Mas ela está ali. Minha mãe olhou para a amiga que me segurava e sorriu!
Eu estava linda! Nem parecia aquela criança amarela que saiu do hospital alguns dias atrás.
Sem a minha mãe e a força dela, eu realmente não estaria aqui... Devo tudo a minha amada mãe Arminda Monteiro e a Nossa Senhora de Fátima.
Sobre a cidade de FÁTIMA, PORTUGAL
Fátima é uma cidade portuguesa, sede de freguesia, subdivisão do conselho de Ourém. Pertence ao Distrito de Santarém, na região de Lisboa e Vale do Tejo e sub-região do Médio Tejo. A sua fama mundial deve-se ao relato das aparições da Virgem Maria reportadas por três pastorinhos desde 13 de maio até 13 de outubro de 1917.
A construção do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, assim como a instalação de mosteiros e conventos de diversas ordens e congregações religiosas católicas, trouxeram um grande desenvolvimento para a freguesia de Fátima e a toda a região envolvente. Fátima foi elevada de vila à categoria de cidade a 12 de julho de 1997.
Devido ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, a cidade tornou-se num dos mais importantes destinos internacionais de turismo religioso, recebendo milhões de pessoas por ano.
OS TRÊS PASTORINHOS
A história de Fátima está, sobretudo, associada a três crianças (conhecidos como "Os Três Pastorinhos"): Lúcia dos Santos e os seus primos, Francisco e Jacinta Marto, que, a 13 de maio de 1917, enquanto estavam a apascentar as suas ovelhas na Cova da Iria, testemunharam a aparição de uma linda senhora vestida de branco. A Cova da Iria é o local onde se situa atualmente a Capelinha das Aparições. A Senhora, mais tarde referida como a Senhora do Rosário, aparentava ter sido enviada por Deus com uma mensagem: um apelo à oração, ao sacrifício e à penitência. Ela visitou os pastorinhos, aparecendo-lhes todos os dias 13 entre os meses de maio e outubro de 1917.
A última aparição ocorreu em 13 de outubro, e cerca de 70mil peregrinos testemunharam e assistiram ao chamado Milagre do Sol. A Virgem Maria, em Fátima, trouxe uma mensagem que consistia no apelo à oração constante e pediu aos pastorinhos que anunciassem a todos a necessidade de rezar o Terço todos os dias, pela conversão dos pecadores, pela conversão da Rússia e pelo Papa. Nossa Senhora revelou-lhes, ainda, o chamado "Segredo de Fátima", o qual foi dividido em três partes: a visão do inferno onde os pecadores caíam pela sua falta de fé, o anúncio do começo de uma nova guerra mundial (confirmou a Segunda Guerra Mundial), e a terceira parte do segredo foi escrito pela vidente Irmã Lúcia em 1944. Finalmente, a 13 de maio de 2000, durante a sua visita a Portugal, o Papa João Paulo II, por meio do Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Angelo Sodano, divulgou parte do conteúdo da terceira parte do Segredo.
Lúcia tornou-se freira de clausura monástica da Ordem das Carmelitas Descalças e recebera, em criança, três visitas de um anjo em conjunto com os primos. Entre abril e outubro de 1916, o chamado Anjo de Portugal (ou Anjo da Paz) convidou-os a rezar e apelou à penitência. O anjo visitou-os duas vezes na Loca do Cabeço (no lugar dos Valinhos) e uma vez ao pé do poço no jardim da casa dos pais de Lúcia. Jacinta morreu em 1919, no Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, e Francisco Marto morreu em 1920, em casa, por causa da pneumonia (entre 1918-1920). Foram mais tarde beatificados, no dia 13 de maio de 2000 pelo Papa João Paulo II. No caso de Lúcia viveu até 2005, tendo falecido no Carmelo de Coimbra.
Maria de Fátima, o pai José Ferreira e a mãe Arminda Monteiro.